12/09/2019 | 5 horas
Olá, prezado Pastor Carlos Roberto.
Não pretendo julgar ninguém. Sei que cada caso é um caso que precisa ser analisado de modo específico. Não fomos criados como peças padronizadas numa esteira de montagem.
A minha impressão pode estar errada, mas penso que a armadilha que pega muitos líderes religiosos é a máscara da santidade. Explico: a pessoa cria uma imagem pública de santarrão, e depois essa imagem o "sequestra", ele vira escravo do personagem que criou de si mesmo. A máscara é pesada, machuca a consciência.
O que eu vi de perto? Eu conheci uma pessoa, troquei presentes na brincadeira conhecida como amigo-secreto; troquei convites para churrasco em tardes de sábados, assisti com ele Denzel Washington em O Livro de Eli pelo Netflix. Eu perdi este amigo... Ele ingeriu “uma tonelada” de pílulas, foi parar numa UTI, passou por cirurgia, ficou em coma por dois dias, retomou a consciência por algumas horas e depois entrou em óbito.
Este amigo esteve em minha casa uns três dias antes de tomar a carga de comprimidos. Chegou fazendo surpresa, não avisou que viria, como era seu costume. Fez uma visita de despedida não declarada, só entendi isso depois.
Conversamos em reservado. Conversa séria, mas em tom de informalidade. Em minha sala de estar, ele disse que não estava mais suportando a si mesmo. Eu falava com ele e ao mesmo tempo orava em pensamento pedindo a Deus para ter a mensagem certa com palavras certas. Dialogamos sobre suicídio sem falar a palavra suicídio. Eu lhe disse o que entendia sobre esse assunto pela perspectiva da Bíblia: a nossa vida pertence a Deus, só Ele pode dá-la e tomá-la.
Tudo em vão. Ele já havia decidido o que faria. Deus não suspende o livre-arbítrio que nos deu.
Passados cinco anos ainda me lembro dele neste encontro derradeiro. Saiu de minha residência segurando a mão da sua esposa. Olhou para trás em minha direção e da minha família. Acenou sorrindo. Era o riso da máscara maldita. A coitada da esposa estava de fato feliz.
Foi-se para sempre. Deixou triste sua esposa linda, alguns assuntos não acabados com seus dois filhos lindos, e não quis ver os netos lindos crescerem...
Uma lástima.
Lastima!